Lisboa
(autor: Álvaro de Campos,Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas De várias cores, Lisboa com suas casas De várias cores ... À força de diferente, isto é monótono. Como à força de sentir, fico só a pensar. Se, de noite, deitado mas desperto, Na lucidez inútil de não poder dormir, Quero imaginar qualquer coisa E surge sempre outra (porque há sono, E, porque há sono, um bocado de sonho), Quero alongar a vista com que imagino Por grandes palmares fantásticos, Mas não vejo mais, Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, Que Lisboa com suas casas De várias cores. Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. A força de monótono, é diferente. E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,Lisboa com suas casas
De várias cores.
heterónimo de Fernando Pessoa)
2 comentários:
excelente conjunto!
tela e poesia
parabéns
António
Olá GE3
Muito obrigada pelo comentário.
É verdade...duas artes que se completam. Uma faz arte com a palavra e a outra faz arte com o silêncio.
Cumprimentos
Inês
Enviar um comentário